A Ascenção de Kael

Capítulo 1: As Cinzas de Oakhaven



  O vento uivava como um lobo faminto, chicoteando as árvores retorcidas da Floresta de Ébano. A densa névoa abraçava Oakhaven, uma vila pequena e isolada, envolta em um silêncio mortal que contrastava com a fúria da tempestade. Apenas o crepitar das brasas no coração da vila quebrava a quietude, um triste testemunho da carnificina que havia assolado o lugar.

 Kael, de dezassete anos, se agachava entre os destroços de sua casa, os dedos agarrados a um pedaço de madeira carbonizada – o único resquício de um passado que foi brutalmente arrancado. O cheiro de fumaça e sangue impregnava o ar, lembrança uma pungente do massacre que havia ditoimado sua vila apenas três noites antes. Seu corpo doía, uma mistura de danos físicos e uma dor profunda, indelével, gravada em sua alma.

 Ele ainda conseguiu sentir o calor do fogo, o peso das lâminas, o grito desesperado de seu mestre, Shen, ecoando em seus ouvidos. Shen, o mestre guerreiro, o homem que o havia acolhido, treinado e amado como um filho. Shen, que agora jazia entre as cinzas, um mártir naquela noite fatídica.

 A memória daquela noite o assombrava como um pesadelo recorrente. O ataque súbito, a violência sem piedade, as sombras que se movem com uma velocidade sobrenatural. Guerreiros encapuzados, seus rostos ocultos pela escuridão, mas seus olhos brilhando com uma crueldade inumana. Eles fizeram massacrado todos, sem deixar um único sobrevivente. Todos, exceto Kael.

 Ele havia escapado por um fio, escondido sob os destroços de sua casa, enquanto o fogo consumia tudo ao seu redor. A lembrança do calor escaldante, do estrondo das casas desabando, da agonia dos gritos, era uma marca indelével em sua mente. Ele havia sobrevivido, mas a vitória era amarga. Ele havia perdido tudo: sua família, seu mestre, sua casa, sua vida.

 Agora, sob a escuridão da noite, com a chuva gelada caindo sobre ele, Kael se sentiu sozinho, perdido em um mundo que havia se tornado cruel e implacável. A culpa ou a corrosão. Ele havia sobrevivido, enquanto todos os outros que amavam estavam perdidos. Ele havia falhado com Shen, com sua família, com sua vila.

 A culpa era um peso insuportável, uma pedra amarrada ao seu coração, sufocando-o a cada respiração. Ele havia jurado vingança, um juramento silencioso, gravado em sua alma, tão profundo quanto a cicatriz que cortava seu braço. Ele encontraria aqueles que adquiriram conhecimentos esse ato hediondo e os fariam pagar pelo que fizeram feito.

 Ele se clamou, cambaleando, as pernas trêmulas, mas a determinação em seus olhos era inabalável. A chuva lavava o sangue seco em seu rosto, mas não conseguia apagar a imagem de Shen, caía no chão, os olhos fixos em um olhar de desespero e tristeza.

 Ele caminhou pelas ruas destruídas de Oakhaven, cada passo uma provação. As casas eram reduzidas a cinzas, os corpos carbonizados espalhados por toda parte. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pelo uivo do vento e pelo som da chuva. A vila, outrara um lugar de paz e alegria, agora era um cemitério, um triste testemunho da violência insana que havia assolado o lugar.

 Ele parou diante dos restos da casa de Shen, onde o fogo ainda ardia fracamente. Entre as chamas, ele avistou um pequeno baú de madeira, milagrosamente intacto. Com cuidado, ele retirou as chamas, seus dedos queimados pela calor residual. Dentro do baú, encontrou não apenas a espada, mas também um pequeno livro em meio às cinzas. O livro era antigo, com uma capa de couro desgastada, e as páginas estavam amareladas pelo tempo. No entanto, ao abrir, Kael percebeu que a escrita era estranha e confusa, composta por símbolos que ele não conseguia entender. Era um mistério que ele sabia que precisaria decifrar mais tarde, pois poderia conter segredos valiosos sobre o passado de Shen ou mesmo sobre os inimigos que agora caçava.

 Além do livro, Kael também encontrou um pequeno frasco que continha um remédio de nível 1. Ele reconheceu o frasco, pois Shen sempre mantinha alguns em casa, preparados para curar ferimentos leves e aliviar a dor. Embora não fosse o suficiente para tratar ferimentos graves, o remédio poderia ser útil em sua jornada, proporcionando um alívio momentâneo quando necessário.

 Com a espada em uma mão, o livro na outra e o frasco de remédio preso ao cinto, Kael sentiu que tinha não apenas ferramentas para a luta que estava por vir, mas também pistas que poderiam ajudá-lo em seu caminho. Ele se lembrou de Shen, que sempre dizia que o conhecimento era tão valioso quanto qualquer espada. Com esses novos itens, sua determinação se fortaleceu, e ele partiu para buscar respostas e vingança, sabendo que sua jornada estava apenas começando.

 A espada era mais do que uma arma; era um símbolo, uma herança, um legado. Era a prova da força, da honra e da justiça de seu virarejo, s

egurando a espada, Kael sentiu uma onda de força o invadir, uma promessa de justiça. Ele não permitiria que a morte de das pessoas que ele amava fosse em vão. Ele honraria sua memória, vingando sua morte e a de todos os outros que haviam perdido naquela noite fatídica.

 Ele passou a noite entre os destroços, velando os mortos e meditando sobre o que havia acontecido. Ele foi o único sobrevivente, o último testemunho da tragédia de Oakhaven. A culpa ainda o assombrava, mas a determinação de vingança era mais forte. Ele havia perdido tudo, mas ainda tinha algo a lutar. Ele tinha sua vingança.

 Ao amanhecer, com o sol rompendo as nuvens escuras, Kael deixou Oakhaven. Ele não tinha para onde ir, mas sabia para onde tinha que ir. Ele seguiria os rastros dos assassinos, perseguindo-os até o fim do mundo, se necessário. Ele encontraria aqueles que adquiriram conhecimentos esse ato hediondo e os fariam pagar pelo que fizeram feito. Ele jurou isso sobre as cinzas de Oakhaven, sob o olhar silencioso da floresta, sob o peso da culpa e da vingança. Sua jornada havia apenas começado. A saga de Kael, o último sobrevivente de Oakhaven, estava prestes a se desenrolar. E o mundo nunca mais seria o mesmo.

 Ele caminhou pela floresta, a espada de Shen em sua mão, o peso da vingança em seu coração. A floresta, outrora um lugar de paz e beleza, agora parecia um labirinto de sombras e perigos. Cada árvore, cada arbusto, cada sombra, parecia esconder uma ameaça. Mas Kael não se deixaria intimidar. Ele seguiria em frente, mesmo que isso significasse enfrentar o próprio inferno.

 Ele sabia que uma jornada seria longa e perigosa, mas estava preparado. Ele foi treinado por Shen, o melhor guerreiro da floresta. Ele havia aprendido a lutar, a sobreviver, a perseverar. E agora, ele usaria todas as suas habilidades para vingar a morte de seu mestre e de seus companheiros.

 Ao longo do caminho, ele encontrou outros sobreviventes, alguns feridos, outros traumatizados. Eles compartilharam suas histórias, suas perdas, suas dores. E Kael escolheu, consolando-os e oferecendo-lhes esperança. Ele sabia que não estava sozinho em sua dor, mas também não poderia se permitir afogar nela. Ele tinha uma missão, um propósito, uma vingança a cumprir.

  Ele descobriu que o massacre de Oakhaven não havia sido um ato isolado. Outras vilas construídas foram atacadas, outras vidas construídas foram ceifadas. E Kael descobriu que a ameaça era maior do que ele havia imaginado. Ele não estava lutando apenas por sua própria vingança, mas pela justiça, pela segurança de seu povo, pela sobrevivência de seu mundo.

 Sua jornada o levaria para além das fronteiras da Floresta de Ébano, para reinos desconhecidos e perigosos. Ele enfrentaria monstros, magos, e talvez até os mesmos deuses. Mas ele não recuaria. Ele seguiria em frente, impulsionado pela memória de seus amigos, familiares,mestre, pela dor de suas perdas, e pela chama inabalável da vingança que queimava em seu coração. A saga de Kael estava apenas começando, e o mundo estava preso a testemunhar a força indomável de um jovem que havia perdido tudo, mas que ainda tinha algo a lutar. Ele tinha sua vingança. E ele a teria.

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