Capítulo 3: As Murmúrias de Ébano,Floresta Demoníaca, Magia de Sangue e Novos Sistemas Mágicos
A cidade de Ébano se ergue no horizonte como uma promessa e uma ameaça simultânea. Suas muralhas de pedra escura, cinzas sob o céu nublado, simplesmente absorvem a própria luz do dia, projetando sombras longas e ameaçadoras sobre as ruas quase desertas. A atmosfera era opressiva, carregada de uma tensão palpável que ia muito além da simples apreensão. Mesmo à distância, Kael sentiu uma aura de desespero e medo emanando da cidade, um pressentimento sombrio que se intensificou ao avistarem, gravado em uma das pedras da muralha, a Marca de Aethea – um símbolo sinistro que ele reconhecia dos relatos dos sobreviventes das vilas massacradas. A marca, além de sinistra, carregava um significado adicional: a proximidade de uma ameaça sobrenatural, algo que ia além da simples violência humana; um ritual profano, alimentado por magia negra e marcado pela presença de uma energia corrupta e repugnante.
Lua, ao lado de Kael, mantinha-se alerta, seus sentidos aguçados captando os detalhes mínimos. O lobo lunar, com seu pelo prateado manchado de terra e poeira da jornada, parecia sentir a mesma inquietação que seu companheiro humano. A liderança silenciosa do animal era um consolo, um elo de confiança que os unia em meio ao desespero crescente. O ar estava, carregado de uma energia estranha, uma vibração que fazia os pelos de Lua se arrepiarem e o próprio Kael sentir um desconforto profundo, um pressentimento de perigo iminente que ia além do medo comum.
Ao atravessarem os limites da cidade, a visão era ainda mais sombria do que imaginavam. As ruas, outras vibrantes, estavam quase desertas, um silêncio pesado complementando a animação habitual. Os poucos habitantes que circulavam olhando para o espectro, seus rostos marcados pela tristeza profunda e pelo medo constante. Seus olhos, vazios e sem brilho, refletem a desesperança que se instala em Ébano, uma cidade à beira do colapso, assombrada por um medo que está além da simples violência. O medo era palpável, uma presença opressiva que se infiltrava em cada fenda, em cada canto da cidade.
As lojas estavam fechadas, as suas portas e janelas protegidas por tábuas de madeira, e as casas silenciosas, sem sinal de vida. Um silêncio pesado, diferente do silêncio da morte que havia encontrado nas vilas devastadas, pairava no ar. Era um silêncio de expectativa, de medo contido, como se todos aguardassem, com o coração na mão, a chegada de algo terrível. Era um silêncio que cortava mais fundo que qualquer grito, um silêncio que carregava consigo o peso da desesperança e da iminente destruição.
Kael e Lua seguiram em direção à praça central, onde um grupo de guardas, armados até os dentes e em postura tensa, mantinha vigilância constante. A espada de Shen, presa à cintura de Kael, brilhava discretamente sob a luz tênue do dia, um lembrete da força e da justiça que ele representava. Ele se aproximou, apresentando-se com firmeza e relatando os horrores que havia testemunhado nas vilas destruídas. Sua descrição detalhada dos massacres, das marcas de Aethea e do vazio deixado para trás, causou um impacto profundo nos guardas, endurecidos pela experiência, mas ainda abalados pela magnitude da tragédia.
Os guardas, inicialmente desconfiados, ouviram atentamente a história de Kael, seus rostos endurecidos pela experiência de testemunhar a repetição da tragédia. A narrativa de Kael, repleta de detalhes cruéis e perturbadores, confirmava os relatos que já haviam chegado à cidade. Outras vilas haviam sido atacadas, dizimadas da mesma maneira brutal e inexplicável. O massacre de Oakhaven, porém, não era uma novidade; a cidade já havia recebido relatos semelhantes, mas a falta de informações concretas sobre os responsáveis alimentava o medo e a incerteza. A repetição dos eventos, a ausência de respostas e o crescente terror deixavam claro que a ameaça era muito maior do que um simples grupo de bandidos.
A informação mais perturbadora veio de um velho curandeiro, recluso nos arredores da cidade, um homem cuja sabedoria era tão profunda quanto o mistério que cercava a ameaça. Em uma cabana escura e repleta de ervas aromáticas, ele murmurou sobre uma antiga profecia, uma lenda sombria passada de geração em geração. Sua voz, fraca e rouca, ecoava pelas paredes da cabana, carregando consigo o peso de séculos de conhecimento e medo.
O curandeiro falou de uma força das sombras, uma entidade antiga e malévola que retornara para se alimentar da vida, uma escuridão que ameaçava consumir tudo em seu caminho. Ele descreveu um ritual, um sacrifício, e o símbolo – a Marca de Aethea – que marcava aqueles escolhidos para a destruição. O símbolo, segundo o curandeiro, era um sinal da presença da entidade, uma marca sinistra que antecipava o terror. Ele explicou que a magia utilizada não era apenas violência bruta, mas uma magia de sangue proibida, uma necromancia que drenava a vida das vítimas, alimentando a força de Aethea e seus seguidores.
Os olhos do velho curandeiro, apesar da idade avançada, brilhavam com um brilho estranho, uma mistura de medo e conhecimento. Ele sussurrou sobre um lugar chamado "O Abismo Negro", um local proibido, engolido pelas sombras, nas profundezas da Floresta Demoníaca - um lugar distante e perigoso, repleto de criaturas sobrenaturais e armadilhas mortais. Era um lugar de onde emanava o terror que assolava a região, um lugar que eu precisava ser enfrentado. Ele detalhou que a magia de sangue, apesar de seu poder, não era invencível. Existem outras formas de magia que poderiam ser usadas contra ela: a magia elementar, capaz de purificar e dissolver a energia corrupta; a magia espiritual, que poderia criar escudos protetores e curar os danos causados pela magia negra; a magia rúnica, com suas runas de proteção e cura; a magia lunar, que amplifica os poderes durante a noite; e até mesmo a magia do ar, que poderia ser usada para dispersar a energia negativa.
Uma conversa com o curandeiro deixou Kael mais perturbado do que nunca, mas também com uma faísca de esperança. A ameaça era Aethea e sua magia de sangue proibida, mas havia meios de combate. A espada de Shen era importante, mas não seria suficiente. Ele precisaria de aliados, de conhecimento sobre outros tipos de magia, e de estratégia. A jornada para o Abismo Negro, através da Floresta Demoníaca, seria longa e perigosa, cheia de armadilhas e perigos ocultos, mas Kael estava preparado para enfrentar Aethea e seus seguidores, não apenas para vingar seu povo, mas para salvar o mundo da escuridão que ameaçava consumi-lo. A saga de Kael, o último sobrevivente de Oakhaven, estava apenas começando, e a sombra de Aethea, embora imponente, não era invencível. A luta seria longa e difícil, mas a esperança, embora tênue, ainda brilhava no horizonte
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